Ao abrir a porta o toque frio da maçaneta fez-me arrepiar o braço, como era de costume deixei os sapatos na escada e por fim pus o primeiro pé no meu passado. O chão frio de mármore levava-me as lembranças alegres e tristes de uma infância sofrida. Subindo as escadas os quartos permaneciam do mesmo modo que o deixei, a cama ainda se encontrava arrumada da forma que minha falecida mãe a deixou e não contive o choro ao ver a foto onde se encontrava minha família. Enxuguei as lágrimas e logo voltei a chorar, a falta que fazia minha mãe, ou melhor, minha família apertava o meu peito como se estivesse tirando minha alma, mas tinha que me conter por mais forte que fossem minhas lembranças.
Chegando a cozinha me vi sentado a mesa com minha mãe me servindo o almoço, arroz, feijão, batata e carne, podia sentir o gosto, o cheiro, mas logo a lembrança se apagou.
Ao sair da casa a velha árvore onde se encontrava o balanço não existia mais por decorrência do tempo, as flores apodreceram de saudade, de tristeza, de dor. O mundo uma vez me tornou menino hoje volto como homem para ver meu passado.
Assim, torno a calçar-me e sem olhar para trás deixo meu passado mais uma vez abandonado, na solidão, no desespero na ilusão.
Gabriel Pontes;
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