Olá queridos leitores de quem não gosto, mas agradeço por estarem aqui. Neste domingo de 26 de Julho fui assaltado em frente o prédio da minha namorada. É engraçado, eu ainda abalado, tentar falar sobre o assunto que visto de olhos exteriores parece pouca coisa, mas para meu caso que passei pela situação foram os segundos mais apavorantes de minha vida até então.
Não sei descrever ao certo qual sentimento prevalece e tentando classificá-los lembrei dos 5 estágios da morte que são: negação e isolamento
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Primeiro Estágio: MEDO
Com uma arma branca apontada em minha direção acompanhado de gritos ameaçadores de alguém que não tem nada a perder, meu corpo para. Vem em minha mente tudo que meus pais me falaram, chega até a duvidar daquilo tudo e pensa: Isso está acontecendo comigo?
Meu coração acelera, minhas pupilas se abrem, me sinto pequeno. Peço dentro de mim que nada de mal aconteça, entrei num transe, aqueles segundos parecem horas.
Segundo Estágio: Incapacidade
A todo momento vi uma forma de reagir, mas nada acontecia. Meus músculos apenas faziam o que a voz intimidadora mandava como se o cérebro tivesse ligado o piloto automático e pulado fora do corpo. Capacidade eu tinha de reagir, mas uma voz interior dizia que nada fizesse.
Mesmo assim senti-me como uma criança. Tive vontade de correr e gritar.
Terceiro Estágio: Raiva
"Agora corre!" -As ultimas palavras que ouvi dele. Não podia acreditar que eu tinha sido assaltado, bateu-me uma raiva me perguntando todo momento: Por que eu não reagi? Por que não percebi que ele queria em roubar? Como eu me senti inútil. "De que vale as artes marciais que pratiquei se não pude fazer nada?" - Foi o que deixei escapar de minha boca!
Queria bater em algo, em alguma coisa, naquele ladrão filho de uma puta miserável! Queria ver minha mão amassando o rosto dele e o sangue melando minha camisa. Raiva!
Quarto Estágio: Tristeza
Ao subir até o 11º andar do prédio, me senti mais aliviado. Estava pálido e tremendo. A raiva havia passado, mas a sensação de perda material tomava conta. Segurei meu celular (que o ladrão não levou por que eu disse que não tinha), tentei nos primeiros minutos ligar para meu pai, mas não consegui. Queria ligar e contar tudo chorando. Mas para não deixá-lo nervoso quis em acalmar primeiro. Tomei água e quando em fim consegui ligar não acreditei no que eu falava. Minha voz estava densa: "Alô pai? Fui assaltado, mas não se preocupa não, ta tudo bem comigo, ele só levou meu pertences." A voz do meu pai me acalmou e eu pensei na hora "belo filho sou eu que leva preocupação para o pai!"
Quinto estágio: Aceitação
Um dia depois, ainda sou abalado pelas imagens e por tudo que aconteceu. Infelizmente esse é o retrato da ignorância humana, que pega os menos avisados que se expõe demais. Minhas crenças me permitem afirmar que se isso aconteceu foi por que alguma coisa deve ser mudada. E quando andamos muito fora da linha a vida vem com um choque de realidade e te mostra que o perigo existe, e que você não passa de um garoto de 16 anos, que não viu nada da vida, que não viu nada do mundo e que não sabe de nada. Essa cápsula criada por nós de que nada pode nos atingir é quebrada quando vemos que podemos ser vitimas de tudo.
Sou grato aos meus pais e meus amigos que estão me ajudando a me recuperar. O que há de mais precioso em mim ele não levou, a vida. Eu as 00:36 consigo terminar de escrever bem próximo do quinto estágio. Sinto-me mais confortável em falar sobre o assunto. Sei que ainda há uma mescla de sentimentos, mas com tudo fico feliz por está aqui escrevendo para vocês.
Sei que tudo na vida há um propósito, um propósito que nos mostra como agir e reagir. Hoje levo mais a sério a frase que diz: "Somos pó e ao pó retornaremos."