E as palavras cortaram o coração daquele menino como raios incandescentes que iluminavam a madrugada, tamanha fúria tocaram seu coração que ele ficou pequeno, batendo lentamente no peito, seu orgulho o impedia de se mostrar fraco.
Ele queria gritar, mas o que podia fazer? Nada. Não tinha mais influência nenhuma, mas a vontade que lhe dava era de descarregar socos naquele citado, por conquistar aquilo que até então o pertencia, mas sua serenidade o deixava superior, omitindo a infelicidade e demonstrando indiferença, mas no fundo de seus olhos, os espelhos de sua alma, revelavam sua tristeza, sua perda.
Mas mesmo assim de cabeça arguida, ele se despedia de sua amada, mas aquilo o perturbava. Era fácil ter outras mesmo que fosse para esquecê-la, mas admitir que ela tivesse encontrado outro foi como se centenas de agulhas atravessassem sua medíocre existência que ali se encontrava pequena só por estar na frente dela.
Instantaneamente a tristeza dele se aproximou e retirou uma por uma das agulhas que formavam em seu peito uma enorme ferida e nesta ferida enfiou uma estaca com sua bandeira que dizia “aqui jaz um coração” encerrando definitivamente suas emoções. Condenando-o a vagar novamente atrás de sossego.
Tudo a ele lhe era de bom grado, dinheiro, trabalho, glória, mas de forma bruta tudo isso perdeu seu valor e não havia nada a fazer nem nada a dizer, apenas saber que cada um sabe o que decide e coube a ela a decisão de evitar um ao outro, de evitar o enorme desejo que foi construído ao longo de um namoro.
Agora o pequeno garoto volta a vagar de cabeça erguida e sorriso no rosto, escondendo na alma o mal gosto de então perder a mulher amada para um jovem talvez mais descolado, livre, bonito. Um rapaz que provavelmente a faz feliz tanto quanto o menino a fazia, que fosse mais compreensível, amável, dobrável a sua postura de mulher.
E o garoto? Para ele resta o caminho a seguir, nada de se prender, nada de chorar, pois tudo é passageiro e o amor assim como a flor que surge entre duas pedras,
morre como as plantações atacadas pelas pestes de gafanhotos. Teu coração fez a escolha e deves arcar com as consequências.
“Deus tira de nós o que mais amamos. Quando menos esperamos e sem nenhum aviso. E a culpa? A culpa é da vida que tem inicio, meio e fim. A nossa culpa está apenas em
amar tanto e sentir tanto perder alguém. Mas o tempo é remédio e nele conquistamos o consolo, com ele pensamos nos bons momentos. E no fim apenas a saudade e uma certeza:
não importa onde esteja, estará sempre comigo.”Gabriel Pontes