Já que não jorrava alegria
Passava a cria com quem o criava
Uma moça negra sem sorte
E seu filho que no colo mamava
Na Av. Abolição seguia lentamente
Criatura e sua cria
Grudada no peito exposto, sorria
Atrás de um leite que já não existia
O saco de pedir esmolas
Vazio como seu olhar
Acinzentado como as nuvens
Que anunciavam a tempestade chegar
Agora abraçados
Criatura e cria
Abraçados pelo frio intenso
Naquela noite que chovia
E o calor do abraço
Compensava a noite fria
Mas o frio castigava o açoite
Pela pobre cria que sorria
E quando pude olhar com atenção
Senti o lamento daquela sorte
Ao ver que a criança, meu Deus
Contemplava a própria morte
Sorrindo.
Gabriel Pontes
Passava a cria com quem o criava
Uma moça negra sem sorte
E seu filho que no colo mamava
Na Av. Abolição seguia lentamente
Criatura e sua cria
Grudada no peito exposto, sorria
Atrás de um leite que já não existia
O saco de pedir esmolas
Vazio como seu olhar
Acinzentado como as nuvens
Que anunciavam a tempestade chegar
Agora abraçados
Criatura e cria
Abraçados pelo frio intenso
Naquela noite que chovia
E o calor do abraço
Compensava a noite fria
Mas o frio castigava o açoite
Pela pobre cria que sorria
E quando pude olhar com atenção
Senti o lamento daquela sorte
Ao ver que a criança, meu Deus
Contemplava a própria morte
Sorrindo.
Gabriel Pontes