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Encerrado:

Aqui foi o começo de tudo, mas como todo filho um dia tem que ir embora decidi ir atrás de novas experiências literárias no Blog Meia Garrafa e Uma Dúzia de Histórias (www.gabrielpontes.com)
Algumas poesias selecionadas foram migradas para o novo blog.

Aqui jaz um menino cheio de sonhos que não repousam junto com ele.



Gabriel Pontes
g.ponteslima@gmail.com
Escritor

domingo, 4 de julho de 2010

Vazio;


Procurando respostas para o vazio que habita meu ser. Esperando que um livro com todas as respostas caísse dos céus em minhas mãos, um alívio com certeza. Mas por mais incrível que pareça quanto mais paro, penso e reflito a única certeza é de que continua vazio. Sem amor, sem filosofias, sem fé.

As mãos se prontificam, os olhos fixam-se nas teclas escuras do teclado e a mente fervilha. Saem algumas palavras, os minutos passam tão rapidamente e de repente começa a frustração, pois não existe nenhuma relação entre elas e as idéias, saem embaralhadas sem emoção. Essa é a palavra chave. Eu que nunca soube escrever, que nunca soube expor agora me encontro vazio, um momentâneo vazio quem sabe. Desesperadamente espero que seja momentâneo.

É como se fosse uma luz que se perdeu dentro da escuridão das duvidas, da incerteza, escuridão tamanha que se sobressai a luz quando na verdade deveria acontecer o contrário. Eu que trilhava os caminhos das virtudes paro no tempo com os pés pregados no chão pelos pregos da razão. Mesmo sabendo que a razão não faz sentido. E o tempo com ou sem mim continua e passa e eu aqui parado, conformado, olhando para o mundo e enlouquecendo a querer respostas, olhando e analisando as pessoas que sentam na minha frente no ônibus todos os dias e ouvindo de forma discreta seus problemas, anseios, duvidas que nem de longe chegam perto dos meus, mas a mesma sensação encontra-se também presente neles, vazio.

Um dia de cada vez vivido, preenchido cada momento para que não se possa parar para pensar. Mas a noite chega com suas perguntas que tiram o sono, perguntas que fazem duvidar o poder de Deus ou dos Deuses, o poder da natureza, o poder do tempo que nos cerca e o poder no sentido de poder. Se é que posso.

Mas a cada hora de sono perdido o cansaço fica mais forte e vence o vazio, nesta noite, assim como se repete em todas as noites, nenhuma oração, nem se quer uma conversa com sigo mesmo atrás de respostas. E dentro dos sonhos nenhuma surpresa se não o vazio. Nada de sonhos felizes, nada de pesadelos felizes.

E nada mais tenho a declarar, somente o tempo pode nos preencher, pois algo antes mesmo de estar cheio tem que estar vazio.

Eu sou o monstro que crio, sou o deus que crio, sou o demônio que crio, sou aquilo que crio. Sou a máxima excelência da ação da criação. Eu sou isso. Eu sou esse vazio.


Gabriel Pontes