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Aqui foi o começo de tudo, mas como todo filho um dia tem que ir embora decidi ir atrás de novas experiências literárias no Blog Meia Garrafa e Uma Dúzia de Histórias (www.gabrielpontes.com)
Algumas poesias selecionadas foram migradas para o novo blog.

Aqui jaz um menino cheio de sonhos que não repousam junto com ele.



Gabriel Pontes
g.ponteslima@gmail.com
Escritor

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ensaio da Criação - O mundo em um grão de areia.



Observo os pensamentos que fervilham diante da criação. É como se a mente criativa partisse do caos. Assim como um quarto cheio de bugigangas jogadas pelo chão e em todos os outros cômodos do que chamo "A Casa Labiríntica".

O que para muitos pode causar estranheza eu chamo de processo criativo e são esses pequenos fragmentos jogados, de cenas durante o dia corrido, das que vejo e as que observo, é que surge a poesia. 

"Todas as coisas tem um mistério e a poesia é o mistério que todas as coisas têm."
Garcia Loca

Observe:

As que 'vejo' passam simplesmente despercebidas a minha atenção, da nossa atenção. São as inúmeras coisas que passam na sua frente que a distração não deixou processar e entender o que realmente era aquilo. São várias as informações que me invadem no dia corrido. Imagens, sons, cenas, mas nada suficientemente atraente para despertar a minha atenção. Neste momento em que estamos fora de nós mesmo é que perdemos muitas coisas que acontecem ao nosso redor. 

Aquele momento em que você se distraia e dedicava sua atenção a observar algo inútil muita coisa aconteceu. E você apenas viu.

Já as que 'observo' me trazem ideias. Ideias criativas e inúteis em sua maioria. Observo a conversa nos coletivos, os passageiros a minha frente, o rosto ou o corpo de uma linda moça bonita, uma frase que me marca, a música que toca no transporte coletivo e várias outras coisas que prendem minha atenção até entender o que realmente se passa ao meu redor. O universo criativo é assim.

Vendo ou observando tudo aquilo é jogado na Casa Labiríntica, não há uma ordem, uma organização. É simplesmente um microcosmo dentro de si, um monte de fragmentos amontoados. Os observados são óbvios e os vistos esquecidos na maioria das vezes. É preciso concentração. 

Assim se junta cada pedaço aleatoriamente, um mínimo de inspiração e se forma uma poesia...




O Mundo em um grão de areia.




Já faz tempo que as coisas saíram do lugar
Nada que se pregava como verdade vingou
Penso na mutação social humana
Vejo quanta coisa mudou

Formo palavras baseadas no ser humano
Analiso tanta coisa que não dá para enumerar e descrever
Indagações e frustrações inexatas 
Venho e ponho-me a escrever

Assim meus amores ficaram para trás
Meu amor eterno jurei mil vezes com vigor
Hoje não passam de histórias alegres (ou quase)
Hoje amo um novo amor.

E os amigos que jurei apoiar
Juraram a mim sua lealdade
Hoje somos meros estranhos conhecidos
Hoje tenho novos amigos para a "eternidade" (?).

Irônico é a vida do homem
Onde só se pensa na egoísta necessidade
De satisfazer suas carências inúteis
Esquecemos que tudo tem data de validade

Inimigos 
Nem eles mais tem tido seu brilho e seu poder
Meus inimigos tornaram-se meus amigos
Novos inimigos terei de fazer (?).

Deus voltou
Ou nuca se foi deste mero mortal
E agora que discurso usará para aparecer
Acredito e desacredito nesta novela celestial

Vejo tudo que com muito esforço criei
Hoje fujo desta aberração e reinvento
Não vale a pena mais essa condição
De ser tão feio por fora quanto se é belo por dentro.

É preciso se permitir
Aceitar que há vários fins nessa estrada
Vejo-me amparado em uma consciência sem lógica
Que entendo ser o nada.

Assim conselho a todo ser vivente
Mude, experimente o que te rodeira.
Veja o tempo passar
E observe o mundo em um grão de areia.

Gabriel Pontes

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Mais do mesmo.



"No princípio havia Trevas. Então o Criador disse: "Faça-se a Luz". E a Luz foi criada."

- Eu sei! Eu posso te sentir.
Eu posso sentir você se importar
Posso sentir sua agonia, seus gritos desesperados
Sua solidão, sua premonição e seu mais melancólico rosnar.

Porém sinto que só serei feliz desta forma
Sou do meu eu o carcereiro
Ou de parte de mim que precisa, necessita
Ser apenas um prisioneiro

- Sou um perigo, sou lindo como a lua
Singular, radical, puro
Mesmo que por assim possa me julgar
O teu prazer mais rebelde e escuro

Mantendo-me aqui trancado, inerte
Ouça meu lamento por te deixar ser feliz
Não caia meu amor no acomodamento
É apenas o nascer de outra cicatriz.

-Sei que rebelo-me contra quem mais me deu abrigo
Tu que sempre me apoiou no momento mais doloroso
Embora traga-me os vícios, o cigarro e a bebida
Sinto que não és um ser maldoso

Devo a ti minha bravura
Minha solidez e desconfiança
Mas não posso viver a vida com medo
Vida triste a que não tem esperança

- Tento acreditar que precisas novamente ser doutrinado
Só assim abrirá os olhos, meu fiel escudeiro
Hoje trilhas teu caminho sozinho e presunçoso
Por que perdi meu tempo sendo teu mais sábio conselheiro? 

- Não te peço, ó criatura, compreensão
Nem sou ingrato aos caminhos que me conduz
Só que hoje vejo que és uma criatura das trevas
E eu me tornei um ser de luz

Digo que te enterrarei neste caixão amaldiçoado
Mas não me deixa, mestre, cometer nenhum pecado
Virei te visitar sempre que possível
Trarei rum e charuto como agrado!

-Se é para te ver sofrer, me deixa
E você pagará por sua atitude
Eu vejo a escuridão no fim do túnel 
Este não é o fim de tua solitudine

Vá e siga sozinho, se te dei asas para voar
E não esqueça de meu agrado toda vez que vier me visitar
Eu voltarei, esperarei o tempo que for
Para ver meu perdão tu implorar

Tu és pó e ao pó voltarás! 

- Não espero de ti compreensão
Nem que tentes não irá me entender
Por isso devo então de me despedir.
Pontes, Gabriel muito prazer;


-Não!!


Gabriel Pontes