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Aqui foi o começo de tudo, mas como todo filho um dia tem que ir embora decidi ir atrás de novas experiências literárias no Blog Meia Garrafa e Uma Dúzia de Histórias (www.gabrielpontes.com)
Algumas poesias selecionadas foram migradas para o novo blog.

Aqui jaz um menino cheio de sonhos que não repousam junto com ele.



Gabriel Pontes
g.ponteslima@gmail.com
Escritor

sábado, 8 de setembro de 2007

O homem do castelo parte 2;

E lá estava eu, sendo violentamente puxado pela força da gravidade, por um pequeno instante pensei ter arrependido-me de ter pulado, talvez o único pingo de amor pela vida tenha se manifestado de forma mais forte do que nas ultimas décadas.

Mas logo esse sentimento deu lugar a duvida do que aconteceria comigo a partir dali, tendo como única certeza à morte não sabia a qual lugar iria, o céu? Talvez. O inferno? Acho mais provável. Não sei aproximadamente qual era à distância de onde estava ao solo, mas nesse curto tempo pensei em tudo que fiz na minha vida, procurei pensar só em coisas felizes de meu passado, ou pelo menos tentei lembrar, em vão;

Mesmo no momento em que me preparava para o grande impacto ao qual e depositava toda a minha confiança de me levar para um mundo que na minha esperança seria melhor, veio-me um pensamento, na verdade um poema que ouvi a tempo a traz;

Pensei então nesse poema até então desconhecido em minha mente, durante todo o percurso eu o li em minha mente pronunciando cada palavra profundamente e lentamente, era um texto que dizia mais ou menos assim:

Se teus olhos um dia fecharem e ficares cego por décadas

Não sinta pena de si mesmo apenas abra os olhos

Não tenha medo jovem criança

Apenas abra os olhos;

Realmente foi o que fiz, ao passar a mão em meu rosto senti uma fita, uma espécie de gaze que pressionara meus olhos, então aos poucos fui desenrolando, desenrolando pacientemente e não esquecendo de citar os versos. Na ultima volta podia ver então uma claridade tal qual eu nunca tinha visto, depois de tirar toda a fita abri os meu olhos e para minha surpresa não era cego, apenas tinha me privado de enxergar a crueldade do mundo na época que vivia quando era pequeno.

Percebi também que não caia mais, minhas roupas ficaram presas em umas estátuas de gárgula que tinha em meu castelo, no tempo que passei pendurado vi o que jamais tinha visto, as flores, o sol, a grama verde, nesse momento então meus pulmões encheram-se de ar e uma lágrima escorreu sobre minha face, dessa vez essa lágrima não era de dor, era de emoção e um leve sorriso mostrava-se em meu rosto pude ver minhas mãos e o mundo ao meu redor.

Quando olhei mais atentamente vi pessoas matando umas as outras, vi homens matando animais indefesos, eles trocavam papeis e ferros redondos, vi no rosto de um dos homens um sorriso, como se aquela papel e aquela moeda tivessem algum valor, vi também no rosto dos animais e pude sentir das plantas um grito agonizante de dor e desespero. Notei que os homens que possuíam muito desse papel e desse pedaço de ferro tinham mais poder então havia no mundo uma desigualdade.


Vi também no alto de meu castelo pessoas passando fome, crianças morrendo, pessoas abandonadas, então abalado diante de tanta injustiça fechei meus olhos, pensei uma ultima vez se deveria tentar me agarrar em algum galho, pensei se sobreviveria em um mundo tão desigual um mundo que quem impera é um pedaço de ferro e um pedaço de papel, então coloquei a fita lentamente cobrindo meus olhos, e lentamente fui me soltando da estátua até me soltar completamente...


Escrito as 12:50 nos dias 08/10 primeira parte e 09/10 segunda parte;

By: Gabriel Pontes;


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