Páginas

Encerrado:

Aqui foi o começo de tudo, mas como todo filho um dia tem que ir embora decidi ir atrás de novas experiências literárias no Blog Meia Garrafa e Uma Dúzia de Histórias (www.gabrielpontes.com)
Algumas poesias selecionadas foram migradas para o novo blog.

Aqui jaz um menino cheio de sonhos que não repousam junto com ele.



Gabriel Pontes
g.ponteslima@gmail.com
Escritor

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Hoje não importa mais.

E agora me vejo assim, eu que sempre achei que as coisas haviam mudado de lugar. Percebo que vivo em um efeito narcotizante para me preparar para o novo baque a acontecer. Seria um baseado para ficar dormente? Ou para soltar a mente um LSD?

Vejo ao longe aquela velha história praguejada da vida que não se leva nada, do mendigo que a três dias não dorme ou do sábio filósofo embriagado na estrada. A ideia contagia-me. Esta sinfonia natural. Palavras do orifício anal. Pois hoje não me fazem nenhum sentido.

E este músculo reciclador de dores bate nos compassos do arrependimento de te-lo tirado da minha caixa de artefatos banais, mas fui amar demais, pobre poeta. E volta a ser bisbilhotado, idolatrado, elogiado por bater minha meta de palavras celestiais. Palavras dos mesmos orifícios anais. Palavras que hoje não importam mais.

Encontro-me a implorar esta pobre graça, tento manter esta mente podre em funcionamento, assim como as máquinas que ‘remexem’ o cimento, ‘remexem’ os meus pensamentos infernais. Aqueles que hoje já não me importam mais.

E para por de meu velho consolo, coleciono mais um retrato a pedir socorro na parede gelada do meu quarto. E hoje ao me ver tristonho e confuso, torno minha mente em parafuso a esbanjar covardia, a alma fétida que batendo no peito sorria a maldizer o carma adquirido por seus ancestrais. Aquelas pobres criaturas nefastas, hoje, já não me importam mais.

E hoje percebo claramente que estudo constantemente minha vida como ela é, como ela é real. Não estudo somente por uma masturbação mental sem propósito, eu usufruo de meu próprio ócio sem me esforçar demais, para evitar as velhas frases anais que hoje já não me importam mais.

Embriagado do vinho contemplo meu êxtase corporal, pois vinho não faz mal, a mim pelo menos não, este vinho faz bem ao coração e se foram 7 litros ou mais, hoje não me importa mais.

E o cigarro, pregos brancos de meu caixão, abusa de minha ilusão de dizer que podem desconfiar, pois aqueles que não tem o hábito de fumar não sabem o que é discretamente suspirar. E se suspirei ou não, todas as vezes que acendi meu cigarro revidei com o forte escarro hoje o que já não me importa mais.

E esses maldizeres todos me fazem indagar se ainda há algo belo em meu sorriso, se posso contar com o paraíso ao invés dos berços infernais. E se dessa vida tenho sorte, seja vida seja morte,

hoje já não me importa mais.


Gabriel Pontes

4 comentários:

Fernando disse...

Muito legal seu blog, parabéns!

Se puder visitar o meu:

www.viagemdarecuperacao.blogspot.com

Larissa Oliveira. disse...

Talvez mesmo com o mundo que gira incansávelmente,
o grande segredo da vida seja descobrir que nada muda
de lugar, e se for esse, e se for assim, por favor
não esqueça de mim pra dividir esse LSD.
as histórias, sempre histórias, olhe profundamente e os
mesmos atores sempre estão lá, quase sempre nas mesmas
situações, a ordem muda, a culpa muda de dono, mas
isso é meramente para nos ludibrias, nos cegar,
embriagar, ou pra nos vender esse baseado.
Quanto a mim, nunca conheci ninguem que tivesse feito
tão mal ao mundo que merecesse viver dominado por esse
tal musculo errante, latente, enganador de nós mesmos.

então, nesse seu texto maravilhosamente enganador e
ludibriante como é a vida que voce descreveu, me deparei
com a frase " hoje não me importa mais."
não sei se passou por várias mentes, por todas que leram
esse texto, ou mesmo só pela minha mente sem
sentido, mas quantas formas de não importar mais existem..
estou fascinada por isso, conte-me mais,
deixe eu descobrir, se voce não vai mais lutar por
estas coisas, ou se desistiu apenas de entender e aceitou como são,
conte-me, deixe-me ver se voce parou de gostar, ou se mudaram as
prioridades ou pontos de vista, fale, deixe que saibam!que eu saiba..
parece inoportuno, mas é isso que sinto vontade de dizer
quando chego ao fim do seu texto pela 3 vez, sugando o
máximo das informações que posso...

como sempre. me encanto, e tento te passar o que senti, ou entendi
dos textos do meu escritor preferido.
e esse deixar por auto que nasceu nesse seu texto,
essa dúvida se tem continuação, ou se é sua mente confusa,
deixaram ainda mais intrigantes suas palavras.

Felipe Cajazeiras disse...

"Embriagado do vinho contemplo meu êxtase corporal, pois vinho não faz mal, a mim pelo menos não, este vinho faz bem ao coração e se foram 7 litros ou mais, hoje não me importa mais"-épico.

Ódio Colêtivo disse...

Cara belo texto, frases anais é o que mais se vê porem não tão bem expressadas como as suas parabens.