- Eu sei! Eu posso te sentir.
Eu posso sentir você se importar
Posso sentir sua agonia, seus gritos desesperados
Sua solidão, sua premonição e seu mais melancólico rosnar.
Porém sinto que só serei feliz desta forma
Sou do meu eu o carcereiro
Ou de parte de mim que precisa, necessita
Ser apenas um prisioneiro
- Sou um perigo, sou lindo como a lua
Singular, radical, puro
Mesmo que por assim possa me julgar
O teu prazer mais rebelde e escuro
Mantendo-me aqui trancado, inerte
Ouça meu lamento por te deixar ser feliz
Não caia meu amor no acomodamento
É apenas o nascer de outra cicatriz.
-Sei que rebelo-me contra quem mais me deu abrigo
Tu que sempre me apoiou no momento mais doloroso
Embora traga-me os vícios, o cigarro e a bebida
Sinto que não és um ser maldoso
Devo a ti minha bravura
Minha solidez e desconfiança
Mas não posso viver a vida com medo
Vida triste a que não tem esperança
- Tento acreditar que precisas novamente ser doutrinado
Só assim abrirá os olhos, meu fiel escudeiro
Hoje trilhas teu caminho sozinho e presunçoso
Por que perdi meu tempo sendo teu mais sábio conselheiro?
- Não te peço, ó criatura, compreensão
Nem sou ingrato aos caminhos que me conduz
Só que hoje vejo que és uma criatura das trevas
E eu me tornei um ser de luz
Digo que te enterrarei neste caixão amaldiçoado
Mas não me deixa, mestre, cometer nenhum pecado
Virei te visitar sempre que possível
Trarei rum e charuto como agrado!
-Se é para te ver sofrer, me deixa
E você pagará por sua atitude
Eu vejo a escuridão no fim do túnel
Este não é o fim de tua solitudine
Vá e siga sozinho, se te dei asas para voar
E não esqueça de meu agrado toda vez que vier me visitar
Eu voltarei, esperarei o tempo que for
Para ver meu perdão tu implorar
Tu és pó e ao pó voltarás!
Tu és pó e ao pó voltarás!
- Não espero de ti compreensão
Nem que tentes não irá me entender
Por isso devo então de me despedir.
Pontes, Gabriel muito prazer;
-Não!!
Gabriel Pontes
4 comentários:
Gostei da construção do texto que se esclarece no final com a despedida do Gabriel de um suposto "Pontes"... Agora me pergunto, como um autor, ou uma pessoa se separa de seu eu? O que é o Gabriel e o que é o Pontes? Pelo que conheço dos dois não há Gabriel, Não há Pontes. Hoje vocês são um coisa só.
Excelente texto amigo.Bem vindo a criação novamente.
Você não vai lembrar de mim, e talvez nem lembre que quando era muito novinho, toda vida que se apaixona, escrevia cartinhas de amor, lindas e cheias de sentimento. Foi assim que notei que iria sofrer pelo teu jeito sincero de amar. Ainda tenho teus rascunhos e letras borradas e sinto-me bem todas as vezes que leio. Sei que assim uma vez fui amada de verdade.
Meu lindo poeta.
Seu blog se tornou um constante renascer das cinzas em? Acredito que todos somos assim, um Deus e um Demônio dentro de nós. Cabe só saber a quem ouvir.
Alguns dos seus poemas me lembraram a escrita de Edgar Allan Poe. Você escreve muito bem, parabéns!
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