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Aqui foi o começo de tudo, mas como todo filho um dia tem que ir embora decidi ir atrás de novas experiências literárias no Blog Meia Garrafa e Uma Dúzia de Histórias (www.gabrielpontes.com)
Algumas poesias selecionadas foram migradas para o novo blog.

Aqui jaz um menino cheio de sonhos que não repousam junto com ele.



Gabriel Pontes
g.ponteslima@gmail.com
Escritor

sábado, 7 de agosto de 2010

Meretriz do Berço de Ouro


Quem é ela? Quem ela foi? De quem ela é?
Não importava mais essas perguntas triviais
Agora era tarde para imaginar consequências
Somente eu e ela, nada mais.

Sim, eu a usei
Iludi como a serpente fez para convencer Eva e Adão
Pois não me importava mais o amor
Só queria mesmo minha ordem e sua redenção

Sua consciência complexada e baixa
Tentou impedir minha sedução negando-a cada vez mais
Mas meu beijo nela despertou
O prazer dos mais ninfomaníacos dos animais

Quando estava o seu corpo nu na minha frente
Por esse momento esqueci-me do passado
Quis somente viver o presente
E saborear aquele momento a muito por mim esperado

Seu sorriso logo se desfez
Ao encontrar meu sorriso gelado
Desta vez o predador virou presa
Desta vez fez reverências o leopardo

Minhas mãos percorreram o seu corpo macio
Lisa era sua pele, liso era seu cabelo moreno
Mas não queria eu me iludir com a aparente fragilidade
Pois sabia o quão poderoso era seu veneno

Sua boca formava um lindo coração
Como o de muitos homens que ele destruiu
Mas meu coração dessa vez acertou quanto a ela
Fechou-se instantaneamente quando a viu

Eu vi em seus olhos o desvendar de sua alma
Segurava seu corpo, minha tentação
Eu firmemente a olhava de cima mostrando meu domínio
E ela aceitou sua submissão

Minha boca percorria seu corpo
Seus seios, seu abdômen, sua vagina
Doce mulher de lábios rosados
Alma de mulher corpo de menina

E minha língua tracejava lentamente
Todos os contornos de seu corpo criado pelo pai
Quando Deus te criou como mulher
Fez ele uma obra que novamente não acertará jamais

Quem de longe te viu se enganou
Assim como eu me enganei
E dessa vez tu se submete ao meu louvor
Assim como um dia te louvei

Mas eu masoquista que sou sabia
Que Deus te deu o corpo que me afaga
Mas negligenciou na hora do teu desespero
E o Diabo apoderou-se de sua alma

Mulher sofrida que o jogo inverteu
Passou de vitima a carrasco
Cansou de iludir-se com amor
Usa, abusa e joga do penhasco

Mulher arrasadora que não me deixa o pensamento
Ali entregue ao meu querer
Pois se o Diabo cria a criatura
Eu a coloco a ceder!

A transa é minha vingança
Dos momentos embaraçosos que me fez no passado
Venha a mim o teu corpo
Venha a mim o teu pecado

Dominei a fera de quatro na minha frente
Que gemia, respirava ofegante
Ela a respeitável infiel
E eu o respeitável amante

Segurei-a com força pelos cabelos
Enquanto a penetrava com vontade
E em um súbito frenesi ela me falou
“Que seja feita a tua vontade!”

Ali eu a submeti a um ritual
Para mostrar como se trata teu tipo de mulher
Sobre meu açoite ela gemia e gritava
“Faça-me sentir mulher!”

E tão intenso quando o poder do sol
Seu orgasmo o corpo todo estremeceu
Um beijo, um adeus
Meu orgasmo ela não mereceu

Um trago num cigarro, um gole no copo de gim
Deitada na cama a me olhar
Indo embora com a cabeça erguida e um sorriso de lado no rosto
Para nunca mais voltar

Gabriel Pontes

15 comentários:

Carlos PC_vix disse...

Nossa que história! Ainda toda em forma de poesia!

Um história densa, excitante, envolvente. Simplesmente genial.

abraços!

Pedro disse...

Foi a maior poesia que ja vi sua, poxa ainda estou a me recuperar da história. Apesar de grande e envolvente e não cansa. Parabéns.

Anônimo disse...

cara vc foi muito bem nessa historia

muito interessante ela, envolve a pessoa fazendo sentir muitas vezes os sentimentos em palavras

realmente vc sabe como fazer isso!!!

Gabi disse...

"Você é minha louva-a-deus, sabia? Um inseto fêmea que devora o macho enquanto fazem amor. Ele morre feliz, parece. É o meu caso, exatamente." - Llosa, M.V

Gugu disse...

"Um trago num cigarro, um gole no copo de gim
Deitada na cama a me olhar
Indo embora com a cabeça erguida e um sorriso de lado no rosto
Para nunca mais voltar"

Louco cara, imaginei essa cena agora :D


Flow

Anônimo disse...

Maluco mandou muito bem no poema, já vivi uma situação meio que semelhante e alguns trechos eu me via neles, parabéns e abrass, to te seguindo por lá no meu blog

Amanda! disse...

Vc escreve muito bem! Adorei seu blog! Obrigada pela visita ao meu e por deixar comentário! Vou dar sempre uma passada por aqui tb! Ótimo fds pra vc!
Bjokinhas...

www.novissimaliteraturabrasileira.blogspot.com disse...

Desde o Movimento Modernista, o verso venceu a forma , o ovo rompeu a casca, para que a clara e a gema pudessem ser vistas de outra forma...

Para os que gostam de versos rimados, metrificados e coisa assim , teu poema e anárquico, inequivóco, único.

É sensação, filosofia de vida, obsessão...

Poema do corpo sem alma e da alma sem corpo, mostrando a intensidade e o despreso de um ato, que tem tudo para ser, e não foi, por isso, não pode se repetir...

Viva então a forma,a fôrma, o corpo liso e nú e a explosão do ato que transcende tudo, e é tão raro e fugás!

A nova poesia tem dessas coisas: é livre e liberta com o pensamento.

Um julgamento insano e desumano, onde Deus e o Diabo coabitam, um aqui e outro alí, na mesma sensação. Onde o Criador e Criado tem que coexistir, para provar a existência um do outro.

Um poema assim, tão louco e lindo, tão doce e amargo, lembra o gim,o rum,o absinto, as bebidas amargas, fortes, que embriagam e nos tiram os sentidos e a razão.

E pra que razão, pra que sentidos, se a vida é uma loucura, mesmo?

Para comentar teus versos, temos que tentar ser mais novo que o novo, mas porra-louca que o louco.

Só não, mais poeta que o poeta, dos versos secos, como árvores retocidas, que o sol tostou.

Onde ficou a seiva, a vida? Talvez numa estéril "camisinha-de-força".

O caminho é longo poeta, vá em frente, não olhe pra trás.Nem sempre existirão críticos tão loucos para comtemplar teus versos e dizer Amém!

Unknown disse...

É muito emocionante essa história e muito mais inteligente quando contada em forma de poesia. Parabéns ta D+!!!!

Larissa Oliveira. disse...

História tão bem escrita que parece ate realista....hduiehiudehi..

vc sabe que sempe elogio os teus post's,
mas esse vem com gosto de obra prima, parecendo que nenhum outro post vai superar esse...
espero que esa sua 'sensibilidade' nunca se perca... pois vc consegue sempre ver os bons e maus pontos como 'Deus e o Diabo' e nos passa isso claramente...

como sempre MARAVILHOSO o post.

amo-te.

Devil's little sister disse...

O teub blog também é mesmo muito bom :) Obrigado pelo comment.

Jessica Laviere disse...

Nossa!Sem palavras,simplesmente perfeito,cada detalhe,cada palavra cuidadosamente escolhida...enquanto lia via a cena na minha cabeça.
Ah obrigada pelo comentário lá no meu blog,fico muito feliz de ter pessoas como vc passando por lá.
Beijão!

Unknown disse...

Por mais que queiras passar que sua vingança tem cor, forma e cheiro, vc ainda passa amor, e talvez a vingança q tanto forças a mostrar, por tal dor sofrida, fica mínima e mais sofrida... E ainda assim você ama e sabe q no seu intimo essa ¨vingaça¨não existiu, nem pra vc tão pouco para ela, vc a amou e desejou de forma q sabia que não amaria mais, e ela se deixou ser amada, pois sabia que seria a última vez, ela ainda sabe q a ama... Esse amor teve e continuará tendo peso, só que de forma amena,pois um outro verdadeiro amor surgirá em sua vida, e outro e outro e mais outro e outros..eu sei e vc tb sabe que será assim. Que assim seja.

Thiago Augusto disse...

Tenho certeza que quem leu, imaginou cada linha..cada acontecimento.. De muito bom gosto..conseguiu dosar o erotismo com a poesia..poucos fazem isso..parabéns cara..

Leitor assíduo de agora em diante!!

abraço!

Anônimo disse...

Quanto bobagem e idiotice escritas por uma coroa frustrada