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Aqui foi o começo de tudo, mas como todo filho um dia tem que ir embora decidi ir atrás de novas experiências literárias no Blog Meia Garrafa e Uma Dúzia de Histórias (www.gabrielpontes.com)
Algumas poesias selecionadas foram migradas para o novo blog.

Aqui jaz um menino cheio de sonhos que não repousam junto com ele.



Gabriel Pontes
g.ponteslima@gmail.com
Escritor

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Reflexão



Olá queridos leitores de quem não gosto, mas agradeço por estarem aqui. Neste domingo de 26 de Julho fui assaltado em frente o prédio da minha namorada. É engraçado, eu ainda abalado, tentar falar sobre o assunto que visto de olhos exteriores parece pouca coisa, mas para meu caso que passei pela situação foram os segundos mais apavorantes de minha vida até então.

Não sei descrever ao certo qual sentimento prevalece e tentando classificá-los lembrei dos 5 estágios da morte que são: negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e por ultimo aceitação.

R
efletindo sobre o assunto, em uma conversa com um amigo meu, que também foi assaltado, escolhi 5 fatores, no qual usarei para desabafar. São os 5 estágios de quem sofreu um assalto.

Primeiro Estágio: MEDO

Com uma arma branca apontada em minha direção acompanhado de gritos ameaçadores de alguém que não tem nada a perder, meu corpo para. Vem em minha mente tudo que meus pais me falaram, chega até a duvidar daquilo tudo e pensa: Isso está acontecendo comigo?

Meu coração acelera, minhas pupilas se abrem, me sinto pequeno. Peço dentro de mim que nada de mal aconteça, entrei num transe, aqueles segundos parecem horas.

Segundo Estágio: Incapacidade

A todo momento vi uma forma de reagir, mas nada acontecia. Meus músculos apenas faziam o que a voz intimidadora mandava como se o cérebro tivesse ligado o piloto automático e pulado fora do corpo. Capacidade eu tinha de reagir, mas uma voz interior dizia que nada fizesse.

Mesmo assim senti-me como uma criança. Tive vontade de correr e gritar.

Terceiro Estágio: Raiva

"Agora corre!" -As ultimas palavras que ouvi dele. Não podia acreditar que eu tinha sido assaltado, bateu-me uma raiva me perguntando todo momento: Por que eu não reagi? Por que não percebi que ele queria em roubar? Como eu me senti inútil. "De que vale as artes marciais que pratiquei se não pude fazer nada?" - Foi o que deixei escapar de minha boca!

Queria bater em algo, em alguma coisa, naquele ladrão filho de uma puta miserável! Queria ver minha mão amassando o rosto dele e o sangue melando minha camisa. Raiva!

Quarto Estágio: Tristeza

Ao subir até o 11º andar do prédio, me senti mais aliviado. Estava pálido e tremendo. A raiva havia passado, mas a sensação de perda material tomava conta. Segurei meu celular (que o ladrão não levou por que eu disse que não tinha), tentei nos primeiros minutos ligar para meu pai, mas não consegui. Queria ligar e contar tudo chorando. Mas para não deixá-lo nervoso quis em acalmar primeiro. Tomei água e quando em fim consegui ligar não acreditei no que eu falava. Minha voz estava densa: "Alô pai? Fui assaltado, mas não se preocupa não, ta tudo bem comigo, ele só levou meu pertences." A voz do meu pai me acalmou e eu pensei na hora "belo filho sou eu que leva preocupação para o pai!"

Quinto estágio: Aceitação

Um dia depois, ainda sou abalado pelas imagens e por tudo que aconteceu. Infelizmente esse é o retrato da ignorância humana, que pega os menos avisados que se expõe demais. Minhas crenças me permitem afirmar que se isso aconteceu foi por que alguma coisa deve ser mudada. E quando andamos muito fora da linha a vida vem com um choque de realidade e te mostra que o perigo existe, e que você não passa de um garoto de 16 anos, que não viu nada da vida, que não viu nada do mundo e que não sabe de nada. Essa cápsula criada por nós de que nada pode nos atingir é quebrada quando vemos que podemos ser vitimas de tudo.

Sou grato aos meus pais e meus amigos que estão me ajudando a me recuperar. O que há de mais precioso em mim ele não levou, a vida. Eu as 00:36 consigo terminar de escrever bem próximo do quinto estágio. Sinto-me mais confortável em falar sobre o assunto. Sei que ainda há uma mescla de sentimentos, mas com tudo fico feliz por está aqui escrevendo para vocês.

Sei que tudo na vida há um propósito, um propósito que nos mostra como agir e reagir. Hoje levo mais a sério a frase que diz: "Somos pó e ao pó retornaremos."

Gabriel Pontes

7 comentários:

BIOIntegrAÇÃO disse...

Cara, odeio admitir isso, mas você fez uma otima comparação entre os 5 estagios da morte.....

Alguns comentários pessoais sobre cada estagio que você criou...

Medo: Natural do ser humano, principalmente quando ameaçado, em relação a um assalto, evita que a pessoa faça uma bobagem, porque o maior erro que tem é reagir, uma vez que você pode perder a vida por uma besteira, não vale a pena....

Incapacidade: Nunca estamos preparados para todo tipo de situação, mesmo que a gente possua todo tipo de conhecimento para encará-la. Quando sua vida está em risco por algo bastante fútil como bens matérias, seria bom que todos nós fôssemos incapazes e não reagíssemos, para evitar tragédias

Raiva: É natural quando somos privados de algo que a gente gostava e agora perdemos, mas não devemos perder a cabeça por isso, a capacidade de raciocinar mesmo com raiva, é uma qualidade muito boa e você demonstrou tê-la...

Tristeza: Sempre irá perseguir o ser humano mesmo nos melhores momentos, o importante é ser capaz de controlá-la para evitar descontrole e mais tristeza...

Aceitação: Você vacilou e ele ganhou seus pertences, é justo? Não, mas quem disse que a vida é? Agora é seguir em frente e aprender com essa lição, e evitar que aconteça de novo, mas nunca deve-se abater, não pode-se deixar de viver, por causa de um assalto..

Você sempre terá amigos para te ajudar em todos momentos, não se preocupe com isso, desde que você deixou de ser anti-social,existe pessoas que querem o seu bem(mesmo que você não o queira a ninguem, somente ao seu ego e sua namorada)...

O importante é que você amadureceu e tirou algo bom dessa situação ruim, é o que todos deveriam fazer....

Unknown disse...

Amoor, é normal depois do trauma que vc passou sentir medo,raiva, tristeza, ficar pensativo...
Esse tipo de coisa faz a gente refletir mesmo sobre o quanto a vida é preciosa e deve ser valorizada...
No entanto, você fez certo em entregar as coisas, assim evitou que algo pior pudesse acontecer.
O mais importante é que vc está bem! =)
Agora é só tomar mais cuidado pra não acontecer de novo e tentar seguir sem que isso atrapalhe sua vida...Eu sei que não é fácil mas pra isso vc tem o apoio das pessoas que gostam de você.E vc sabe que pode contar comigo. ;**

Anônimo disse...

cara perfeitos eu texto, achei bem legal mesmo, parabéns, abrass e grato pela visita

Anônimo disse...

Gabriel meu querido, é isso aí mesmo.
Uma das piores sensações do mundo é a do assalto, roubo,... ;)

Dá uma dor, uma angústia, uma sensação ruim e tudo isso aí detalhado que vc descreveu. Dói mesmo, eu sei'
:/

Mas é isso aí, força, coragem e bola pra frente. Quanto ao q se perdeu... é hora d trabalhar (modo de dizer pra vc)e conquistar tudo novamente!

Grande abraço |

Larissa Oliveira. disse...

ainda bem que vc não revidou, pois como vc mesmo disse amorzão...
ele não tem nada a perder... mas vc tem muito mais do que o que levaram...
eu sei o quanto é frustrante,é como se a vida toda que passamos lutando pra nos sentirmos maduros suficientes, ou mesmo cheios de confiança, morrese ali,
quando a gente vê que tão facilmente a vida da gente fica nas mãos dos outros...

sei lá essa é aquela chamada 'linha ', que não podemos ultrapassar, um errinho e bum...
qualquer coisa pode acontecer...

esses sentimentos todos se resumem em: frustração!

mas te digo que isso passa, como qualquer outro sentimento, por mais dificl que pareça..
e mesmo com a nossa diferente crença eu te digo que se o motivo de nada de maior ter acontecido com vc for por causa de Deus...
Ele estava pensando em mim, e em todos os outros que te amam, quando te tirou dessa vivinho!

te amo demais...

P.S: vamo matar esse filho da puta e pegar a carteira, o relógio e o cordão de volta!
afinal o que faz alguem que ouve matanza? \,,/_

Kairon disse...

É, meu caro, não é fácil!
A gente, realmente, fica como uma criança. Você descreveu muito bem o que sentimos depois do fato(dei uma ajudinha ;D).
Isso é uma coisa tão ruim, que nos desperta os piores sentimentos, os piores desejos. Mas, como você disse, serve para aprendermos. TUDO na vida serve para aprendermos alguma coisa.
Espero que não passe por isso novamente. :)

Abraço! o/

ORION disse...

"Sou grato aos meus pais e meus amigos que estão me ajudando a me recuperar. O que há de mais precioso em mim ele não levou, a vida."

...Graças a Deus ,( triplamente), que o sufoco que passou nao lhe tirou , tambem, o bom senso e a gratidão, sem a qual nao há afeição, como dizia sua avó, minha sábia mae.

O ruim, quando a gente cresce, assim, tao rapidamente ( por dentro e por fora)- é que conscientizamos tudo a nossa volta e esse processo não é indolor.

A dor, a frustação e o sentimento de perda... a revolta e até o desejo de vingança sao coisas tao comuns em nossos dias, nas mentes que nao aprenderam aida a amar despretenciosamente e a se doar sem medo ou restrições.

Amamos a vida, amamos os bens materiais, amamos familiares, amigos, mas sempre do ponto de vista do ego ( eu) e por isso nao nos desprendemos, nao nos identificamos, com o verdadeiro Eu Sou o que Sou, que mora em nos!

Como disse um velho sábio que nos é comum e que bem conhecemos: "pobre,miserável,ladrao de oportunidades, que tantas lições valiosas nos ensinam".

E por quê coisas assim ainda acontecem? Por quê nao somos capazes de ouvir conselhos e de por em pratica o que nos ensinaram. Nos nos julgamos acima de tudo a nossa volta...ate mesmo do que tivemos a chance de "antever".As vezes o amor cega... e ate ele se renova e passa.

Quando era pequenino ouvi lições que ainda guardo e transmmito:

"- Sede prudente como as pombas que antes de beber , olham para um lado e para o outro".

Por acaso a prudencia pode evitar o bote da serpente, ou o ataque dos lobos da estepe?

Talvez nao,mas nos darao a chance de recuar sem medo e desarmar a fera que nos quer ferir, tirando-lhes a chance preciosa: a surpresa.

Orar e vigiar e preciso sim.Mas tambem há coisas que temos passar para que amadureçamos e, assim, nao nos deixemos impregnar pelo ódio "religioso?",invejoso dos que nos julgam,sem nos conhecer na essencia, porque falamos coisas que nao devemos, quando devíamos calar.

Esses tiranos da fé, mais males nos causam do que um simples ladrao pé-de-chinelo, sem eira nem beira, sem norte nem sul.

Aprendamos pois a aceitar a dor, o isolamento, a solidao - sem culpas nem medos - e seremos senhores de tudo, inclusive de nós mesmos.

Tudo nao passa mesmo,queiramos ou nao?
AMILOIRAM